terça-feira, 23 de novembro de 2010

Estamos todos condenados / Eternamente condenados / Condenados a ser livres

Não sei descrever como os últimos quase dois anos se passaram. Dispensável falar sobre a relatividade do tempo e do sentir o tempo, por vezes rápido, por vezes lento demais, pois isso é universal (e como odeio as coisas que todos sentem!). De qualquer forma, senti estar flutuando no tempo, vivendo uma vida marginal à minha - inconsciente.

Passei muito tempo sem me lembrar do que ser inconsciente significava. E gozei cada minuto dessa insconsciência, enquanto ela durou -- a felicidade simples, iludida, lúdica, de se crer parte de um todo arquitetado pelo que é superior. Frequentemente senti-me parte, senti-me uma peça destinada a um fim concebível. E Deus sabe do quanto precisava desse sentimento de pertencer a uma estrutura alheia a mim. Bastou-me, por um tempo. Mas foi isso.

Sinto-me, novamente, degustando a gosma branca que sempre me acompanhou em todos os momentos da minha vida, e...dói. Sinto estar acompanhada pelo caos e pelo ócio, pelo vazio e pelo tédio, mais uma vez. Não sei se está intacta a minha integridade de antes, nem sei se se mantém intocado aquilo de que tanto me orgulhava. Não sei se posso simplesmente voltar ao que era antes, nem se posso me transformar em algo novo. Só me sinto sozinha, de novo, e nua. Nua das minhas balizas e dos meus confortos automáticos. Nua dos meus refúgios, que antes tanto me confortavam. Estou somente eu, livre, num universo agora totalmente diferente.

Algumas coisas não mudaram, entretanto. Eduardo continua intangível, etéreo, intocável, um ser altivo que vislumbro por tão pouco tempo em tantos...e some. Some, e o que me resta é o cotidiano, o acostumar-me ao tédio, a viver a vida real, que eu tanto quis buscar e que, sinceridade, não existe. Continuo ativa somente por estar, pois a vida ainda anda à margem de mim, como sempre andou -- agora somente consigo percebê-lo novamente.

E o que me resta? Somente aceitar a verdade insofismável de que, provavelmente, não há nada melhor a ser vivido. E as minhas concepções resumir-se-ão, provavelmente, ao marasmo da estabilidade, ao conforto mesquinho que sempre odiei.

Mais irônico do que tudo o que já foi dito: nem meu ego se manteve íntegro, haha. Culpa da minha sina de ver o que não existe, de esperar pelo que não há, e de crer poder ser vista. Still hopeless, dazed and confused. I guess I'm coming back home.

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