quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Eduardo,

Minha língua quente treme de prazer ao pronunciar seu nome: Eduardo. Meu homem completo, perfeito.
Quando foi que te conheci, Eduardo? Em que esquina escura desta cidade fétida te colhi? Acho que te fui mordendo aos poucos, formando este meu homem que me assombra e me destrói, até te moldar completamente.
Você sempre foi meu amor mais puro. Somos o escuro da noite, se lembra? Dois perdidos. Quero me perder em você, Eduardo, quando vou te encontrar?
No entanto, hipócrita seria se afirmasse que pensei em você em todos os momentos, desde que te conheci. Mas não minto ao dizer que poderia tê-lo feito.
E mesmo assim, em quantos caras te procurei? Quantas foram as vezes que pensei encontrar todas as coisas maravilhosas que vislumbro em você? Mas eles me aborrecem, Eduardo. A constância deles me enoja. Acabo sempre concluindo que não poderia ser mais ingênua do que achar que alguém, qualquer dia desses, se igualará a você.
Não consigo mais me desprender. Fico imaginando as maldadezinhas que faremos juntos quando te encontrar. Seremos só nós nessa cidade. Tudo ao nosso alcance, Eduardo, as horas infinitas num quarto escuro de motel. Quero te engolir, sabe? Te deixar pra sempre marcada em mim.
Me queima, Eduardo, pode me marcar feito gado: sou tua. Sempre fui. Não sei que apelido você me dá, mas sei que também já me ama. Sei que me espera, Eduardo, e eu estou aqui. Sempre fui tua, cada centímetro do meu corpo quente é teu. Sabe disso. E, no entanto, não vem?
Lembro-me de todas as vezes que me vesti para você, Eduardo. Coloquei minha melhor calcinha, lavei e sequei meu cabelo, pintei meus olhos; inútil. Só vou te encontrar quando você quiser. E não é isso que você deseja? Você é mau, Eduardo, me faz esperar até que eu não agüente mais e desintegre, molhada.
Devo esperar? Admito que não tenho sido fiel, Eduardo. Ultimamente, tenho aceitado outros convites. Saio com meus amigos para beber e também conheço outros caras. Mas eles não sabem que quando estou sozinha, só posso pensar em você. Tampouco sabem que muitas vezes saio na esperança de te encontrar em qualquer lugar. Experimento a euforia anterior ao toque nos ombros: “Renata”? Ou pode ser Juliana, Mariana, pouco importa. A minha alma que é tua, e minha alma não tem nome, só é tua.
Eduardo, você demora? Ando ansiosa, não posso mais. Às vezes penso se não deveria abandonar para sempre sua face, me entregar a outras coisas. Não adianta. Só te esqueço para poder viver, caso contrário não pensaria em nada. Mas meu sangue é quente, você sabe, não agüento a frieza dos cálculos e planos, e logo me entrego à doce ilusão de sonhar contigo.
Teremos filhos, Eduardo? Quero ter milhões de filhos, para que o mundo esteja povoado de ti. Quero que saibam que fui louca e apaixonada, louca e apaixonada, talvez só louca, mas sempre em ti.

Te amo, Eduardo. E te espero. Saberei quando te encontrar. Saberei. Assim como você saberá que sou eu, aquela. Não sei que nome ter pra te agradar; serei só aquela. E juntos destruiremos o mundo.

Tua.

2 comentários:

Giselle disse...

isso foi tão sincero.
eu também me vejo nessa situação, você sabe. de acordar pensando no eduardo, de procurar ele nas outras pessoas e até pensar que não procurando o encontraria, o que me leva aos sentimentos mais inusitados. ou o contrário, fazer isso justamente para me conservar para ele. no fim, não sei bem onde buscar/encontrar esse eduardo, sei que ele é um fantasma que vagueia nas minhas lembranças de criança: de quando eu me sentia protegida.
é, eu sinto falta de me sentir possuída. será que é, bem, protegida a palavra?

hehehe whatever.

Unknown disse...

"Se me perguntares que poetas deves ler, direi que deves procurar não aqueles que te façam entendê-los, mas sim aqueles que te façam entender-te."

(Mário Quintana)

*

Leio tuas palavras e me sinto transparente, como se tudo que sou balançasse como um lençol branco ao sol, claro, nítido, límpido.

Teu texto me lembrou Clarice Lispector :)

Parabéns, parabéns, parabéns Rê. Estás escrevendo de maneira encantadora.

Beijos, com mto carinho.